A autonomia das equipas de DevOps foi um dos assuntos mais destacados pelos diferentes oradores, durante o primeiro DevOpsDays realizado em Portugal. Para serem eficientes, as empresas têm de reduzir o ciclo de testes, aumentar a qualidade do software, ver a automação como um investimento desde o primeiro minuto, aumentar o speed-to-market e reduzir os custos com os testes de software.
Bons produtos requerem um bom trabalho de equipa, e um workflow dinâmico, rápido e ágil, que envolva os diferentes estágios de desenvolvimento e aprovação do produto. Muitas empresas debatem-se com a falta de competências para a entrega de um produto de qualidade. Não deve existir apenas uma equipa de desenvolvimento de produto, mas sim um ecossistema de equipas com competências diferentes que contribua para a qualidade do produto e para o processo de integração e entrega contínua.
Uma cultura DevOps implica uma mudança profunda em termos de princípios, políticas, visão estratégica, mentalidade e modelos de trabalho. Apesar de estar associada às equipas de trabalho, esta transformação tem de ser transversal à empresa, sob pena de não gerar valor. Os próprios executivos têm de estar alinhados com esta mudança e adotar dinâmicas orientadas para as suas ambições e universo empresarial. As organizações tendem a escolher uma solução pelo “nome” e pelas funcionalidades que ela oferece, mas esta é uma opção muito redutora. Têm de ter em conta critérios como a arquitetura, a engenharia, a flexibilidade, a automação e a capacidade de ser modular e de evoluir. As empresas e equipas têm de evoluir de forma contínua, em vez de se reorganizarem de vez em quando.
Blameless Postmortem
Na cultura DevOps o erro é visto como uma importante oportunidade de aprendizagem e de evolução, não como uma demonstração de incompetência ou falha grave. À partilha de informação e de sucessos junta-se o conceito de Blameless Postmortem – identificar e corrigir as falhas que ocorrem no processo, partilhar a informação gerada com as equipas para evitar erros futuros, diminuir o risco e agilizar a resolução de problemas. Tudo isto, sem atribuição de culpas ou condenação.
Este ciclo de aprendizagem só é possível em empresas que seguem uma política de confiança e formação contínua. Um colaborador psicologicamente seguro não tem medo do erro - arrisca, aprende, partilha e evoluir mais rapidamente. Uma empresa “tóxica”, que defende a atribuição de culpas e o despedimento como punição, vai perder informação. O foco deve estar no que correu mal, e não em quem fez o erro.
Continuous Deployments
O que é que as empresas querem? Continuous deployments e zero-downtime. Este cenário perfeito é muitas vezes visto como idílico devido a dois problemas: as empresas têm medo de arriscar, e não entendem a diferença entre zero-downtime e downtime percetível. Através do mapeamento de processos de deployment complexos é possível estabelecer prioridades e progressivamente reduzir o impacto de cada deployment. Zero-downtime não significa que tudo tem de estar ativo, e a executar a mais recente versão. Significa que os utilizadores não percebem o que está a acontecer nos bastidores da aplicação, porque a continuidade e a fiabilidade são asseguradas.
Durante o evento, especialistas nacionais e internacionais destacaram que a escolha das diferentes tecnologias, ferramentas e metodologias deve estar sempre dependente do projeto, e defenderam uma cultura de teste e de qualidade que garante ciclos de feedback mais rápidos. Mas no final sublinharam que, independentemente das ferramentas utilizadas e das metodologias seguidas, o DevOps não está nas tecnologias, mas nas pessoas - na confiança e partilha e conhecimento entre distintos profissionais, na adoção de metodologias e boas práticas, e num trabalho em equipa que visa a eficiência, a qualidade e o sucesso.
A Claranet patrocinou e esteve presente no DevOpsDays Portugal 2019, que se realizou pela primeira vez em Lisboa nos dias 3 e 4 de junho, nas instalações da EDP. O evento foi organizado pelas comunidades DevOps Lisbon e DevOps Porto. A próxima edição, em 2020, vai decorrer na cidade do Porto.