As redes Wi-Fi estão hoje no centro dos processos de colaboração das organizações e em práticas inovadoras nos mais variados setores, mas apresentam também novos desafios de segurança e de gestão. É aqui que entram os Serviços Geridos de Wi-Fi.
João Justo Gonçalves
Business Development Manager - Digital Connectivity
Claranet Portugal
Até há alguns anos as redes Wi-Fi estavam instaladas apenas em determinadas zonas das empresas (como salas de reunião) e a sua utilização era restrita, ou apenas para “guests”.
Para os próprios fabricantes de redes, o portefólio do wireless era um nicho e o volume de negócios pequeno, já que apenas 10% do espaço de trabalho dos clientes era ocupado com Wi-Fi; hoje, a situação inverteu-se e 90% desse espaço já está, ou está a ser, coberto por redes wireless.
Para esta mudança contribuíram essencialmente três fatores:
- A melhoria da tecnologia e dos standards Wi-Fi (norma IEEE 802.11), com um elevado incremento da velocidade;
- A “democratização” dos laptops e de outros dispositivos móveis;
- O “trabalho híbrido” herdado da pandemia, que gerou uma pressão adicional no uso da tecnologia wireless.
A pandemia acabou por impulsionar a Transformação Digital em várias vertentes, mas a pressão para essa da mudança tem sido tal que a grande maioria dos países europeus continuam com lacunas importantes para atingir os seus objetivos na área da Digitalização - sobretudo devido à escassez de recursos humanos e de infraestruturas.
Sobre este contexto, a IDC prevê que mais de 55% do investimento em TIC das organizações nos próximos dois anos seja centrado em tecnologias, ou em processos que impulsionem a transformação digital e permitam a mudança de processos de negócio.
Redes Wi-Fi e Transformação digital
Entre as várias estratégias de “digital first” assumidas pelas organizações no âmbito dessa transformação, a reorganização dos espaços de escritório, conciliando o trabalho híbrido com a experiência presencial, é uma das principais apostas.
Com a popularização do laptop como dispositivo de trabalho, os profissionais agora regressados ao escritório ligam-se preferencialmente ao Wi-Fi e continuam a usar as ferramentas de colaboração que se tornaram habituais durante a pandemia. Isto obriga ao reforço e atualização das redes nos vários espaços de colaboração e, bem assim, o recondicionamento de espaços remotos - antes sucursais com poucas valências - em espaços de colaboração e escritórios de proximidade.
Novas utilizações…
A proliferação das redes Wi-Fi e a evolução dos próprios dispositivos permitiu uma maior interligação entre redes e processos que antes estavam fisicamente separados, por exemplo:
Saúde:
interligação de dispositivos médicos à rede para tornar mais eficiente a leitura de dados biomédicos e o acesso a informação atualizada, a partir de qualquer ponto da unidade hospitalar;
Indústria:
interligação das redes industriais para a sua gestão eficaz e atualização dos sistemas de picking em armazém;
Educação:
disponibilização de redes Wi-Fi para os alunos acederem a informação online quando estudam ou fazem trabalhos;
Segurança física:
ligação à rede de câmaras de CCTV e software de analítica de vídeo, eliminando a necessidade de criar uma rede própria e permitindo a sua gestão e análise remotas;
Produção e logística:
ligação de sensores à rede com envio de informação em tempo real para otimização de processos, de stocks e de produtividade.
Para as novas valências das redes Wi-Fi tem também contribuído o funcionamento dos pontos de acesso como “gateways” de outros protocolos (como o ZigBee ou o BLE, usados tradicionalmente no controlo industrial ou em Apps de proximidade). As próprias redes podem ainda trabalhar em complementaridade com outras redes wireless “dispersas”, como as redes LoRa (Long Range), mas que confluem todas numa rede IP estruturada e gerida.
… e novos riscos de segurança
Esta expansão do Wi-Fi coloca um novo desafio à segurança das redes, tornando essencial mecanismos de Autenticação e Segurança mais robustos do que os métodos tradicionais.
As organizações têm investido na atualização das suas redes de acesso aos serviços, em particular e mais recentemente, de acesso às aplicações que têm migrado para a Cloud.
Este é um aspeto crucial, porquanto a digitalização e as trocas comerciais e de informação entre organizações, banca e serviços públicos envolvem frequentemente o “handling” de dados sensíveis.
Uma vez que o acesso a esses dados se faz também a partir de redes wireless, estas têm de garantir que os mesmos processos de segurança e monitorização dos riscos se estendem a todo o perímetro de utilização – agora muito mais alargado devido ao trabalho remoto, à utilização de dispositivos móveis e ao acesso a serviços on-prem e à Cloud a partir de qualquer local.
O caminho para Serviços Geridos
Aos desafios tecnológicos e de segurança associado à utilização cada vez maior das redes Wi-Fi, acresce a escassez de recursos humanos nas organizações, com skills para lidar, gerir e operar esta mudança.
É neste contexto que se torna interessante um modelo de serviços geridos que, entre outras vantagens, permite às organizações obter uma infraestrutura de rede com um modelo financeiro flexível, sem investimento inicial (modelo Opex), e que permite libertar os recursos internos para acompanhar os processos de negócio, deixando aos Serviços Geridos:
- A gestão e manutenção da infraestrutura, assegurando as tarefas de operação (NOC), manutenção preventiva e corretiva com o back-to-back com os fabricantes, melhorando o uptime da infraestrutura e mitigando eventuais situações de downtimes;
- A Implementação das medidas e mecanismos de Segurança e um Serviço de monitorização (SOC) 24x7 para assegurar a boa operação do cliente e mitigar eventuais ataques;
- Assessoria e operação da mudança dos processos do cliente para Cloud (pública ou privada), assegurando desde a conetividade aos mecanismos de segurança que os acompanham, até à atualização dos dispositivos dos utilizadores, suporte, ao utilizador etc...
Tal como noutras áreas tecnológicas associadas aos projetos de Transformação Digital, também a adoção de redes Wi-Fi nas organizações podem seguir o caminho do “as-a-service”. Ganham as empresas porque acedem às soluções mais adequadas sem necessidade de investimento inicial, assegurando também uma utilização mais segura, o suporte e mais liberdade para os seus recursos se centrarem no próprio negócio.